quinta-feira, 8 de outubro de 2009

Ironizar ou não?

Você ainda se pergunta aonde é que esse mundo vai parar? Aham, até parece que vai. Na verdade, ele vai é girar cada vez mais rápido. A troco de que? Nada além de matar curiosidades. Ou humanos, ou destruir fé, ou assassinar almas.
É isso, além de girar cada vez mais rápido em torno do dinheiro, no fundo nem o dinheiro importa. Eu acho que sim, afinal, a querida, sim, essa aí, a própria gasta mais de dez bilhões por ano pra nos dar a noticia de que saturno tem um anel quase invisível em torno dele. Sim, milhões em volta da lua, marte, saturno e mais se sabe lá o que enquanto Palestinos não tem uma água descente para beber e muitos milhões de outros seres humanos sem ter o que comer alguns irmãos africanos que o diga, se é que terá forças para dizer, antes de morrer de fome ou então outros de cá mais pra baixo que gritem ou escrevam, se é que terá alfabetização o suficiente. Engraçado como investem mais em descobrir se existem seres vivos em outro planeta enquanto outros sobrevivem por aqui, quando se chega a viver. O melhor é que se descobrirem vida em marte vão querer colonizar tudo por lá, depois o ser descoberto vai estar tão vivo que vai perder a graça e eles vão procurar algum outro lugar para se enfiar.
Aliás, quem liga para um mundo mais sustentável ou para a floresta amazônica, já quase inexistente, se esses caras aí caçam petróleo cada vez mais fundo? Pessimista demais? Ok, então em 2009 vamos viver para 2016, vamos pedir nos cobrem mais impostos e dizer com orgulho que vamos gastar trinta bilhões para sediar alguma coisa. Certos estão nossos amigos políticos que dão cargo para parentes, afinal, que doido vai querer dar emprego a esses alienados que tem displicência em votar neles?

quarta-feira, 30 de setembro de 2009

Uma revolta de Maio de 2008

Se um dia provarem que Deus existe
Aplaudirei de pé os Ateus
Pois se esse tal “ser” existe mesmo
Não deveria colocar à prova assim os filhos teus

Se ele existe mesmo
Adora esse joguinho da vida brincar
Pois enquanto espera que nós o aceitemos por si só
Outros jogam os filhos do 6º andar

Quem dera eu tirar dessas cabeças ignorantes
Que esse tal senhor nada por eles fará
Porque enquanto eles esperam por milagres
O mundo sofre com uns e outros que não sabem na vida ousar

Nem vem com essa história de defender o que não há
De exaltar alguém que não virá
Enquanto vocês ignorantes perdem a vida com insignificâncias
Esquecem que pela vida nós mesmos temos que lutar.

quarta-feira, 16 de setembro de 2009

.A mendiga e o livrO.

'
Da janela de um ônibus também é possível se ver o mundo, às vezes, um mundo que muitos se recusam ou não são capazes de enxergar. Hoje, passando pela Central do Brasil, impressionei-me com uma mulata. Dia cinzento e frio, da janela do ônibus avistei a negrinha. Sentada em um papelão sujinho, ela também não se encontrava aquele poço de limpeza – uma trouxinha do lado, essas coisas “normais” que encontramos nas ruas da nossa cidade. Mas essa era diferente das que eu já havia visto, por um detalhe que não me deixou pensar em mais nada o dia inteiro – ela tinha um livro nas mãos.
Quando a reparei pareceu-me até que ônibus tinha reduzido a velocidade para câmera lenta. Segurando firme como quem protege um filho ela não soltava o livro aberto e passava os olhos curiosos, cheios de fome em cima das pequenas letras e bem de perto, como quem tem problema de vista e não dispõe de um óculos. Mas não foi totalmente isso que me ocorreu. Na verdade, pareceu-me que ela não fazia idéia do que tinha escrito na sua frente, seguia as linhas rapidamente com a cabeça e virava a página. A cada página, pelo menos as que os segundos do ônibus me permitiram observar, ela se mostrava mais interessada e feliz como quem tem um tesouro nas mãos.
É curioso pensar que tanta gente com acesso a livros, geralmente não lembram da existência deles. Enquanto o estômago da mendiga, provavelmente, pedia alimento, sua curiosidade pedia, também, o conteúdo do pequeno livro aberto em suas mãos. Provavelmente o livrinho gritava, mas para ela parecia inaudível. O ônibus andou mais depressa, acompanhei com a cabeça essa visão o máximo que pude. Logo me perguntei: Será que é totalmente de educação que nosso país precisa ou a falta dela se dá por conta da tremenda e irritante preguiça de grande parte do nosso povo?

quinta-feira, 10 de setembro de 2009

Te amo!

As pontas dos meus dedos estão segurando o cigarro da última noite
Última noite de angústia, eu te amarei cada dia mais.
E se você tentar me impedir, ainda sim te amarei cada dia mais, de propósito.
Você é o meu caminho preferido
Nos dias sem você, eu tropeço em pensamentos, me perco, mas de repente eu te amo mais.
O céu nas tardes escuta todos meus segredos, e eles têm seu nome.
Às vezes me sinto meio desajeitada, eu queria saber me declarar
E deixar bem claro o que fala tão alto quando não estamos tão perto
Ou aquilo que sinto quando velo teu sono, demorado sono...
Quando eu te olhar, simplesmente me abrace
Se conseguir sentir meu coração bater mais forte, é por você
Eu tento me distrair em meio a semana
Mas cada parte do meu corpo me trás você, é difícil no fim do dia
Achar um conforto durante a noite, sinto falta dos seus braços
Quando alguma chuva cai, eu idealizo todo um dia contigo
Deixe-me continuar vivendo essa doce loucura que é te amar.

<3

quarta-feira, 12 de agosto de 2009

.Encontro com Vinicius de MoraeS.

No caminho para casa passei calmo pela Lapa, em meio tanta gente vestida de carnaval e, sequer era fevereiro. Era, na verdade, um agosto frio e úmido. Fechei o casaco enquanto observava as putas da Lapa, os jovens boêmios e logo lembrei de Vinicius de Moraes. Uma antiga nostalgia boiou no mar de minas lágrimas e sempre que lembro, sinto um terrível desgosto. Quando o poetinha deixou esse mundão azul, eu sequer havia nascido e mesmo assim, sinto tremenda saudade, uma vontade irracional de ter existido exatamente naquele tempo em que a Bossa Nova nascia no coração do Rio de Janeiro, uma fome, uma sede, uma vontade de ter andado entre aqueles velhos poetas vagabundos e eruditos.
Já em casa, depois de um banho e com os pensamentos ainda em Vinicius, entrei no quarto e, estranhamente, senti um leve cheiro de uísque. Quem me dera eu tivesse uma garrafa de uísque aqui agora - pensei coçando a cabeça - meio confuso por conta daquele cheiro. Procurei um pouco a fonte, mas estava cansado demais para essa doidice de procurar o que não encontraria, de certo. Não conseguia pensar em mais nada, relaxei o corpo ao som de um rock qualquer. Senti o corpo meio estranho, como se estivesse bêbado, e fiquei na dúvida se ainda estava acordado, senti como se estive bem dentro de um quadro surreal de Dali. Não estava - pensei - apenas continuei relaxado. Era como se meu corpo estivesse flutuando e em meio essa loucura ouvia uma voz um pouco rouca e cansada, que girava girava em minha mente e o ruído ficava cada vez mais alto e aquele cheiro de uísque cada vez mais forte. Abri os olhos, meio atordoado e me vi em plena Rua Nascimento Silva, 107. Cento e sete! Que diabos estou fazendo no antigo endereço de Tom Jobim? - Pensei totalmente alucinado e de repente a minha frente, num banquinho de madeira, estava o poeta e diplomata Vinicius de Moraes, com um copinho cheio de seu cachorro engarrafado e mais uma garrafa do lado, claro, um sorriso no rosto e a mão estendida para amizade.
Meu pranto rolou e ele bateu a mãozinha no banco com um sorriso bobo na cara e pediu para que me sentasse também. Sentei meio tímido, enquanto ele enchia um copinho para mim, fiz que não com a cabeça e disse que só estava podendo beber um leitinho aqui outro ali por conta de uma gastrite. Claro que falei com intenção, só para ouvir da boca do próprio Poetinha aquela sua famosa frase: Eu nunca que vi uma boa amizade nascer em leiteria. O uísque é o melhor amigo do homem, é o cachorro engarrafado. E foi exatamente o que ele disse, e isso soou como música, não era explicável a felicidade que meu corpo derramava, eu estava do lado do branco mais preto do Brasil, e ao pensar nisso fiquei assuntado, afinal, Vinicius estava morto e eu não sentia nem um pouco como um sonho, segurei um pouco a ansiedade e perguntei – Como é possível? Ele disse que morre ontem e nasce amanhã, deu um gole de leve na bebida com um mesmo sorrisinho sacana. Senti-me tão à vontade e tantas perguntas me sobrevoavam a cabeça. Então você sabe que tem uma rua com seu nome, amigo? Ainda com aquele sorriso malicioso soltou que era claro que ele sabia e que sempre que podia, vinha olhar as novas garotas de Ipanema.
Enquanto assistíamos a noite dormir em silêncio, ele me disse com uma voz chorosa que o amor dói, mas existe, que é melhor crer do que ser cético. Passou a mão em meu rosto como quem consolava um amigo e disse que admirava minha capacidade amar em silêncio. Sorri e meio confuso perguntei como ele sabia dos traumas que eu carregava. Levantou-se e pediu que o acompanhasse. Bateu aquelas velhas mãos no meu ombro e comentou que poderia saber mais do que suspeitava que existia, mais do que qualquer um poderia desconfiar. Era incrível a capacidade que ele tinha de derramar toda aquela poesia em mim e, mesmo sem muitas palavras, me acalmar. Estávamos a caminho do arpoador e o dia parecia querer amanhecer. Comecei a pensar que estava sonhando e me bateu um desespero de acordar de repente. Tremendo, ainda com perguntas infinitas sobrevoando a cabeça, mas ainda sem jeito perguntei se ele foi feliz.

- Se a felicidade existe eu só sou feliz quando me queimo, e quando a pessoa se queima não é feliz. A própria felicidade é dolorosa.

Eu também já conhecia essa frase, mas ouvir da boca do próprio Poeta chegava a dar um frio na barriga, eu nunca a entendi muito bem. Mas confesso que doeu sem remédio. Eu estava caminhando ao lado de um sonho, talvez dentro de um sonho e simplesmente não sabia o que falar, o silêncio ao lado dele era o melhor entendimento, lembrei dele dizer que há pessoas com quem as palavras são desnecessárias.
Mesmo assim ele disse – Sabe, meu caro? Ninguém tem nada de bom sem sofrer. E essa eu sei que você também já conhece. Continuou, dizendo que ele sempre precisou do precipício da paixão e foi o que ele fez, viveu em busca de paixão, tanto que se casou nove vezes. Comentou que via a mesma necessidade em mim, e que estava com medo que eu perdesse tal capacidade de ternura e extremos de emoções. Acho que eu compreendia o que ele queria me dizer. Pediu para que eu deixasse o amor nascer e morrer em mim, que a vida só se dá pra quem se deu.
Sem perceber chegamos a minha casa, pediu educadamente três pedrinhas de gelo. Admitiu que os tempos de hoje o assustam e que, de repente, era melhor mesmo que já não estivesse aqui fisicamente. Preocupei-me com o “fisicamente”, será que eu estava morto e ainda não tinha me dado conta? Como quem lê pensamentos, respondeu que da morte apenas nascemos imensamente, mas que não, eu ainda não tinha nascido naquele outro mundo. Não sabia se ficava triste ou feliz, não entendia direito esse sonho torto, apenas não queria estar em outro lugar senão ali. Pensei em perguntar como é esse “não estar fisicamente”, se ele havia encontrado com Clarice, com Drummond e se chegou a conhecer Caio Fernando mas, mais uma vez como quem lê pensamentos, agradeceu pelo gelo e pela companhia, deu mais um daquele sorriso malicioso e disse que eu deveria deixar de ser curioso e voltar para o meu corpo, porque mais um dia estava acontecendo e que meu amor não podia esperar mais nem um minuto. Como um flash, lá estava eu na minha cama, confuso, cansado e ainda com sono. Sonho bom, pensei. Mas logo, em minha mão um bilhete em que dizia: Escreva com teu sangue e veras teu espírito. E não esqueça de me visitar mais vezes, amigo. PS: Cuide dessa gastrite.


- Não tem um dia em que não me lembre, nunca mais consegui encontra-lo. Mas esse cheiro de uísque que não sai do quarto...

quinta-feira, 6 de agosto de 2009

.InventáriO. (completo)

O amor de Amanda crescia a cada dia, embora tivesse aquele terrível medo de profundos enganos e ilusões. E sabia que Fernanda era uma mistura de tudo o que ela temia embora também uma mistura de tudo o que a dava prazer, de tudo o que a fazia sorrir, bom, só que isso ela também temia, então a balança nunca estava ajustada. Eram tantos meses de tudo e tantos meses de nada. O que pode pesar mais?
Era primavera e o sol no Leblon estava uns 40º, ainda sim, esses pensamentos noturnos cruzavam e atormentavam a mente de Amanda. Sentou no primeiro quiosque, observou a beleza do Rio e suspirou as cores do mar, das calçadas, dos asfaltos, das pessoas. Olhou um menino de rua, mais conhecido como pivete, e pensou egoistamente que talvez nem ele estivesse tão turvo e sem forças quanto ela; e sua reação imediata foi sentir medo; medo por não lembrar mais quem era antes de tudo começar, medo de cada dia mais perder sua cor. Ela costumava pensar que as cores é o que mais importa, e quando pensava em Fernanda não era mais tão colorido como antes. Não por falta de amor, mas o excesso dele, e de uma parte só, pensava. Disfarçou o choro com um óculos escuro e continuou observando o mar, tão calmo e pode matar. Fazia tempo que tentava cortar o laço, inventava e reinventava discursos frios que, quando encontrava Fernanda, não conseguia por para fora, sequer lembrava. Ela sentia cada vez mais sensações inéditas, não queria jogar pro ar o que, de certa forma, a fazia feliz. Mas a coisa já começava a ficar feia, ela nunca perguntava, apenas tirava conclusões de que Fernanda não se importava. E realmente, Fernanda sonhava com outro rosto, outro corpo, outra voz, e Amanda sentia a perda a cada dia. Levantou e continuou andando pelo calçadão e a cada gole na água de coco, sentia o gosto da ausência cada vez mais presente. De repente lembrou que era mais um dia daqueles, de mais um encontro casual que, até então, não tinha sido desmarcado. Foi para casa e os pensamentos continuavam ali. Lembrou de ter lido que se você pisca, quando torna a abrir os olhos o lindo pode ficar feio; resolveu não piscar ainda.
Tocou a campainha, o frio na barriga era o mesmo de sempre, como se fosse o primeiro encontro, e já eram tão intimas. E ali estava Fernanda, que a encantava a cada gesto, sua voz a fascinava. Vou sentir falta – pensou enquanto a ouvia contar sobre seu dia. Tudo que ela pensava o dia inteiro enquanto estava longe, tudo o que a atormentava desaparecia quando se encontravam. E tudo que parecia confuso na distância, pouco importava na intimidade das duas e nada parecia capaz de quebrar aquilo que fazia bem, que até se arriscavam a chamar de amor. Entre possessões e sorrisos incompreensíveis, procuravam sentido em um quarto ainda sem memórias, mas que passo a passo recompor-se-iam através das ânsias, tremores e tesões daqueles corpos. Mergulhavam no mais fundo, permitiam-se penetrar inteiramente uma na outra entre ruídos lentos de uma música e um amor sem medida e, que acabava sendo ignorado na distância.
Em meio de conversas, brincadeiras e risadas sem motivo, Amanda parou e olhou-a bem no fundo dos olhos e pensou – Eu te amo tanto. E repetiu em voz alta com os olhos ainda fixos nos outros olhos: Eu te amo tanto. Fernanda deu um sorriso de lado e disse que também a amava, um beijo aconteceu. Amanda sentiu-se triste e com aquela nuvem escura de fumaça e duvida sobre sua cabeça, sabia dos sentimentos de ambas como sabia que estava cercada por cigarros e mentiras também e pensou baixinho: - Você nunca será minha. E mesmo com ela nos braços, já sentia uma saudade irracional daquela voz, daquele corpo, de toda a intimidade que sabia que não teria com mais ninguém porque, na verdade não queria ter. Apertou-a com fome em seus braços enquanto tentava tirar coragem de qualquer parte. Antes que tudo ficasse feio e que a dor se transformasse em um veneno sem antídoto, respirou fundo, engoliu um saliva para amenizar aquele nó insuportável na garganta e falou quase sem coragem que aquele laço estava sendo cortado. Fernanda sabia que não tinha o direito de argumentar, disse que doía, mas não sabia como, disse que não queria a partida, mas que talvez não pudessem mesmo continuar mergulhando naquilo, na verdade, não sabia o que queria, sempre dizia que não tinha o direito de falar, mas acabava falando.
Amanda pegou suas coisas e pediu que a levasse até a porta, no caminho para casa foi pensando longamente nas duas, um amor assim tão delicado e desprezado, o nó continuava na garganta, segurava o choro e as pessoas em volta se quer desconfiavam daquele coração partido, mas ela também sabia que não podia mergulhar naquilo como sempre quis. Para ela, hoje seria uma de muitas madrugadas em que a gente deita feito um feto, chora sem remédio e se espreme como se as paredes do quarto estivessem se fechando em nós. Já Fernanda, voltou para a cama, deitou confusa e passou a mão direita sobre o lençol que carregava o cheiro, enfiou-a debaixo daquele travesseiro vazio ainda com a temperatura do corpo que ela, sentia quase matando, não teria mais. Um nó igualmente na garganta, um aperto no coração, um sentimento jogado para qualquer canto e um lágrima sobre um lençol que daqui a uns dias será lavado e um outro alguém jamais saberá do amor que esteve ali.




segunda-feira, 27 de julho de 2009

.ReceitA.

Algumas circunstâncias, amores perdidos pra ser mais especifica, acabam determinando quem você será amanhã quando amar novamente. Não, na verdade, você mesmo, depois de algumas perdas, acaba aprendendo a determinar isso. Cabe a você viver meses de fossa e acabar com o seu corpo por um motivo que, alguma hora, não vai mais fazer sentido, você sequer vai entender ou lembrar porque se rendeu tanto.
Então é simples, meu amigo. Ame mais do que se acha capaz de amar, permita-se; seja e faça melhor do que seu amor, seja piegas, beije seu amor o tempo inteiro e dê beijos de um jeito como se fosse a última vez em que sente aqueles lábios; faça carinho; olhe nos olhos, mas não tente compreender; dedique-se aquela pessoa; seja fiel e honesto, mas cuidado, algumas verdade não precisam ser ditas, mas se faladas, não precisam ser repetidas de uma forma irritante feito um disco arranhado; pare de remoer, enfim, seja o melhor que puder com seu amorzinho; doe-se; escute ladainhas e, logo, diga o quanto o ama, apesar de tudo.
Se depois de tudo isso a pessoa te der um pé na bunda, não seja dramático. Calma, não precisa se fazer de forte, pelo menos não pra você mesmo, quanto na frente dos outros ou da pessoa especifica, a escolha é sua; mas seja superior só não precisa contar ou demonstrar isso; se você sabe, que importa os outros? Não dê uma de coitado ou psicótico dizendo que vai sair da cidade, também não tente dar uma de feliz e finja ter outro em vista, não minta para si mesmo. Depois do PÉ-NA-BUNDA chore durante exatamente dois dias seguidos, contorça-se mesmo na cama, soque a parede, dê um grito, chore o máximo que puder; depois desses dois dias não pense em cigarros, álcool ou sexos casuais, apenas durma durante 24hrs, mas sem ajuda de calmantes, por favor. Acorde pensando na pessoa tome um banho morno e demorado, sente-se em um lugar calmo, de preferência seu lugar preferido, com a companhia apenas de um lápis e uma folha em branco; escreva pro seu amor, conte passo a passo a história de vocês como se a pessoa fosse apenas um leitor que não faz idéia de nada. No final da carta, diga da saudade que vai sentir, não conte da falta, e como foi bom tudo o que viveu; escolha um envelope qualquer e coloque todo esse desabafo dentro, depois guarde a carta em uma gaveta com roupas que não usa mais, não mande, guarde-a sem dor e continue vivendo.

Obs.: Se você tem 15 anos, nem pense nessa receita, ou se está amando a primeira vez, faça exatamente o contrário, chore durante dias, escreva cartas e mande, implore, sinta o mais fundo que puder, nenhum sentimento vai ser igual ao primeiro, não que você não vá amar perdidamente ou até mais depois, mas apenas sinta o doce amargo da primeira dor de amor.

sábado, 25 de julho de 2009

.Palavras, apenaS.

As palavras são desajeitadas, são incapazes de mostrar esses pensamentos insanos, se limitam a não conseguir transpor tão inteiramente a contorção de um corpo que chora que sente saudade, que sente raiva, que ama tão intensamente a ponto de inventar qualquer memória que essas mesmas palavras desastradas não farão sentido algum. Esse desabafar infinito que mete medo, pensando bem, talvez as palavras não sejam tão incompreensíveis assim, talvez nós nos limitemos em um egoísmo de jeito que a dor seja só nossa ou covardes de não querer gritar ao mundo o que nosso corpo transborda em lagrima a cada noite mal dormida e um despertar tristonho.

terça-feira, 14 de julho de 2009

.InventáriO.

'

Ela deitou confusa e passou a mão direita sobre o lençol, enfiou-a debaixo daquele travesseiro vazio ainda com a temperatura do corpo, que ela sentia quase matando, que não teria mais. Um nó na garganta, um aperto no coração, um sentimento jogado para qualquer canto e uma lágrima sobre um lençol que daqui a uns dias será lavado e um outro alguém, jamais saberá do amor que esteve ali.

sábado, 27 de junho de 2009

.PedaçoS.

Eu sou um pedaço de carne que treme

Toda vez que o corpo dela respira no meu

Eu sou um pedaço de estrada

Que nas curvas desse sentimento acaba por se perder

Eu sou um pedaço daquela folha seca

Que ela pisa nas calçadas a cada estação

Eu sou um pedaço de culpa

Escondida no medo que, sinceramente, não existe.

Eu sou pedaço de algumas noites

Escondidas por detrás de ruídos quase inaudíveis

Eu sou pedaço de contradições

Essas que sussurram todo um ódio para esconder um amor

Eu sou um pedaço de poesia, uma vez que você recitou.

Disparou e viajou no infinito de seus lábios

Eu sou, quer você goste ou não, um pedaço do seu coração.

Por mais que se esforce para ignorar,

Atenciosamente te direi baixinho até que acordes

Eu sou um pedaço do seu gemido preferido

Que quando se der conta, sem o seu amor, já terá partido.

Sim, eu sou um coração partido.

Um fragmento de qualquer coisa supostamente bonita

Que escorreu por entre os dedos

De quem mais gostaria de dar as mãos

Nas noites cantantes do Rio.

Eu sou um rosto escondido em um mundo de máscaras.

segunda-feira, 22 de junho de 2009

Fuga.

- O tempo passou e eu acabei acreditando que a vida é melhor sem a ilusão dessa coisa.
- A ilusão é inevitável! De repente pinta e você ta tentando moldar essa coisa de novo.
- Não, pelo menos eu, consigo perfeitamente me controlar, ninguém vale uma lágrima. Give me a trago?
- Sabe, por um momento eu achei que você sentisse essa coisa por mim.
- Que coisa?
- Amor! Não é essa a coisa que você tanto grita e finge ter repudio?
- Hum. Mas eu te amo.
- Não ama, por mais que seja eu aqui na sua cama.
- Faz diferença?
- Esquece. Eu só queria que você me quisesse. Vou embora!
- Espera! Vamos nos ver, amanhã?
- Não posso!
- Por quê?
- Porque eu te amo.
- E esse não seria um motivo pra nos vermos?
- Não quando eu não sou o motivo da sua felicidade.
- E o que vamos fazer?
- Enquanto você sonha e inventa os olhos que não são os meus, eu vou estar te esquecendo.
- E é isso que você quer?
- Cara, eu queria ser quem você quisesse ver. Chega de rodeios, eu te esqueço você me esquece.
- Ok.
- Te cuida.
- Você também.

segunda-feira, 15 de junho de 2009

.Last NighT.

No silêncio de depois, você mergulha a face em meus ombros e eu te embalo nos meus frágeis braços. Sentir sua respiração, decorar as curvas do seu rosto, cada sinal, compreender cada silêncio, te acariciar e ver o canto dos seus lábios sorrir, então o meu também sorrir, enquanto meu corpo chora sabendo das saudades que vai sentir. Imaginando os dias em que, de repente, tropeçara com qualquer memória boa e boba e sentirá como se você estivesse ali, e num surto ou no esbarrão de alguém no meio da rua, abaixarei a cabeça para que não vejam ou desconfiem o quanto minha capacidade de amor foi destroçada. Deveria ser proibido as pessoas se encontrarem e, por algum motivo, não poderem se perder uma na outra. O que sobra, é perder-se em si mesmo, e nas raras vezes em que se avistarem, olharem com a certeza de que pode ser a última vez, porque um dia vai.

E foi assim, ainda nos meus braços, você conseguia me comover, era como abraçar a própria loucura e ter medo mesmo é do normal, embora não tivesse preparo algum para esse tipo de partida. Estouramos nossa bolha, enquanto andávamos, ainda continuava a pensar porque raios temos que partir duramente, era duro saber que a cada passo dado estaria me levando pra longe do que eu, por algum tempo, andei chamando de amor. O tempo estava acabando, e como se fosse um jogo qualquer, foi embora, te olhei até que virasse a rua, você não olhou pra trás. Mais tarde o telefone de alguém tocou, era você. E o que nos resta, agora, são as estradas.

sexta-feira, 12 de junho de 2009

.Doce PresságiO.


E sentaram, pela manhã, uma de frente para a outra, e olharam-se como se pedissem perdão por qualquer coisa inimaginável uma da outra, apenas se desculpavam em, pensamentos malditos, com um sorriso de lado sem dizer qualquer palavra dura que pudesse estourar aquela bolha paralela que inventaram para dizer Eu Te Amo.

E por trás dessa vidraça, enquanto meu pensamento se desloca para ela, cai uma chuva calminha abrindo sol dourado num céu azul clarinho. Enquanto cá dentro, longe daqueles braços, faz um frio capaz de me fazer inventar, cada dia, um jeito de esquecer que eu não sou tua paz, e que você é meu porto mais importante, embora o menos seguro.

quarta-feira, 10 de junho de 2009

.CalçadãO.



Ela andava pelo calçadão com uma felicidade doida, sorrisos gratuitos e andava num gingado feito bossa nova. O que ninguém via, era aquela saudade que ela carregava nos olhos, enquanto andava num cenário tão cheio de memórias.

Não era difícil chamar atenção, não era fácil esquece-la depois de tê-la conhecido, mas era uma pena para quem a conheceu até mesmo só de vista, como o garoto da Rua Bolívar, pois, aquele coração que sempre andava perdido pelo calçadão já tinha dono. E era por esse alguém que ela carregava esperança, todos os dias, era nesse alguém que ela pensava em suas caminhadas, era por esse alguém que ela esperava a qualquer momento, com uma surpresa piegas, como um lírio e uma poesia batida, talvez.

Em direção ao Lido, pensava longamente. Sentou ao lado da estátua de Drummond e conversou com ele, desabafou feito uma melodia esquecida no fim de noite de um restaurante vazio, lamentou-se feito o último cliente bêbado no balcão.

Segurando a mão da estátua do poeta, deparou-se, em mente, com uma pequena frase do mesmo, algo como “Amar o perdido torna confundido esse coração”. E de repente, eis que surge por cima de seus ombros, uma mão pequenina e macia, carregada de lírios e em seu ouvido um pedido seguido de uma declaração, clichê, mas docemente esperada: Namora comigo? Eu te amo!

terça-feira, 9 de junho de 2009

.Ausência.

Ausência! Ah, coisa triste essa, que me faz pensar que o dia é longo e, quando pisco, lá se foi mais pôr-do-sol sem nossos corpos juntinhos.

Tanto perigo, minha menina, tanto.

Esse jeito do meu mundo silenciar quando nossos olhos se encontram esse modo de sentir o coração batendo forte na garganta quando meu corpo grita que te ama.

Tão triste, amor. Sentir nossas mãos escorregando, nessa insegurança, com medo de te perder sem antes de tê-la, assim, só pra mim.

Minha menina, a vida é boa, vêm me dar às mãos. Eu estou com saudades, não sei se meu caminho é bom, pois, apesar de ser triste, eu te amo, eu te amo tanto.

Amada, minha amada vem me tirar esse pressentimento, vem rir meu riso, vem me dizer que o adeus está distante e, que nossas estranhas tentativas, não são assim tão errantes. Amor, se tua paz não estiver comigo, acabe pelo menos com nossas ausências e vamos viver bem, mas ainda não me conte de outros amores, você enfraqueceu meus anticorpos para isso.