sábado, 27 de junho de 2009

.PedaçoS.

Eu sou um pedaço de carne que treme

Toda vez que o corpo dela respira no meu

Eu sou um pedaço de estrada

Que nas curvas desse sentimento acaba por se perder

Eu sou um pedaço daquela folha seca

Que ela pisa nas calçadas a cada estação

Eu sou um pedaço de culpa

Escondida no medo que, sinceramente, não existe.

Eu sou pedaço de algumas noites

Escondidas por detrás de ruídos quase inaudíveis

Eu sou pedaço de contradições

Essas que sussurram todo um ódio para esconder um amor

Eu sou um pedaço de poesia, uma vez que você recitou.

Disparou e viajou no infinito de seus lábios

Eu sou, quer você goste ou não, um pedaço do seu coração.

Por mais que se esforce para ignorar,

Atenciosamente te direi baixinho até que acordes

Eu sou um pedaço do seu gemido preferido

Que quando se der conta, sem o seu amor, já terá partido.

Sim, eu sou um coração partido.

Um fragmento de qualquer coisa supostamente bonita

Que escorreu por entre os dedos

De quem mais gostaria de dar as mãos

Nas noites cantantes do Rio.

Eu sou um rosto escondido em um mundo de máscaras.

segunda-feira, 22 de junho de 2009

Fuga.

- O tempo passou e eu acabei acreditando que a vida é melhor sem a ilusão dessa coisa.
- A ilusão é inevitável! De repente pinta e você ta tentando moldar essa coisa de novo.
- Não, pelo menos eu, consigo perfeitamente me controlar, ninguém vale uma lágrima. Give me a trago?
- Sabe, por um momento eu achei que você sentisse essa coisa por mim.
- Que coisa?
- Amor! Não é essa a coisa que você tanto grita e finge ter repudio?
- Hum. Mas eu te amo.
- Não ama, por mais que seja eu aqui na sua cama.
- Faz diferença?
- Esquece. Eu só queria que você me quisesse. Vou embora!
- Espera! Vamos nos ver, amanhã?
- Não posso!
- Por quê?
- Porque eu te amo.
- E esse não seria um motivo pra nos vermos?
- Não quando eu não sou o motivo da sua felicidade.
- E o que vamos fazer?
- Enquanto você sonha e inventa os olhos que não são os meus, eu vou estar te esquecendo.
- E é isso que você quer?
- Cara, eu queria ser quem você quisesse ver. Chega de rodeios, eu te esqueço você me esquece.
- Ok.
- Te cuida.
- Você também.

segunda-feira, 15 de junho de 2009

.Last NighT.

No silêncio de depois, você mergulha a face em meus ombros e eu te embalo nos meus frágeis braços. Sentir sua respiração, decorar as curvas do seu rosto, cada sinal, compreender cada silêncio, te acariciar e ver o canto dos seus lábios sorrir, então o meu também sorrir, enquanto meu corpo chora sabendo das saudades que vai sentir. Imaginando os dias em que, de repente, tropeçara com qualquer memória boa e boba e sentirá como se você estivesse ali, e num surto ou no esbarrão de alguém no meio da rua, abaixarei a cabeça para que não vejam ou desconfiem o quanto minha capacidade de amor foi destroçada. Deveria ser proibido as pessoas se encontrarem e, por algum motivo, não poderem se perder uma na outra. O que sobra, é perder-se em si mesmo, e nas raras vezes em que se avistarem, olharem com a certeza de que pode ser a última vez, porque um dia vai.

E foi assim, ainda nos meus braços, você conseguia me comover, era como abraçar a própria loucura e ter medo mesmo é do normal, embora não tivesse preparo algum para esse tipo de partida. Estouramos nossa bolha, enquanto andávamos, ainda continuava a pensar porque raios temos que partir duramente, era duro saber que a cada passo dado estaria me levando pra longe do que eu, por algum tempo, andei chamando de amor. O tempo estava acabando, e como se fosse um jogo qualquer, foi embora, te olhei até que virasse a rua, você não olhou pra trás. Mais tarde o telefone de alguém tocou, era você. E o que nos resta, agora, são as estradas.

sexta-feira, 12 de junho de 2009

.Doce PresságiO.


E sentaram, pela manhã, uma de frente para a outra, e olharam-se como se pedissem perdão por qualquer coisa inimaginável uma da outra, apenas se desculpavam em, pensamentos malditos, com um sorriso de lado sem dizer qualquer palavra dura que pudesse estourar aquela bolha paralela que inventaram para dizer Eu Te Amo.

E por trás dessa vidraça, enquanto meu pensamento se desloca para ela, cai uma chuva calminha abrindo sol dourado num céu azul clarinho. Enquanto cá dentro, longe daqueles braços, faz um frio capaz de me fazer inventar, cada dia, um jeito de esquecer que eu não sou tua paz, e que você é meu porto mais importante, embora o menos seguro.

quarta-feira, 10 de junho de 2009

.CalçadãO.



Ela andava pelo calçadão com uma felicidade doida, sorrisos gratuitos e andava num gingado feito bossa nova. O que ninguém via, era aquela saudade que ela carregava nos olhos, enquanto andava num cenário tão cheio de memórias.

Não era difícil chamar atenção, não era fácil esquece-la depois de tê-la conhecido, mas era uma pena para quem a conheceu até mesmo só de vista, como o garoto da Rua Bolívar, pois, aquele coração que sempre andava perdido pelo calçadão já tinha dono. E era por esse alguém que ela carregava esperança, todos os dias, era nesse alguém que ela pensava em suas caminhadas, era por esse alguém que ela esperava a qualquer momento, com uma surpresa piegas, como um lírio e uma poesia batida, talvez.

Em direção ao Lido, pensava longamente. Sentou ao lado da estátua de Drummond e conversou com ele, desabafou feito uma melodia esquecida no fim de noite de um restaurante vazio, lamentou-se feito o último cliente bêbado no balcão.

Segurando a mão da estátua do poeta, deparou-se, em mente, com uma pequena frase do mesmo, algo como “Amar o perdido torna confundido esse coração”. E de repente, eis que surge por cima de seus ombros, uma mão pequenina e macia, carregada de lírios e em seu ouvido um pedido seguido de uma declaração, clichê, mas docemente esperada: Namora comigo? Eu te amo!

terça-feira, 9 de junho de 2009

.Ausência.

Ausência! Ah, coisa triste essa, que me faz pensar que o dia é longo e, quando pisco, lá se foi mais pôr-do-sol sem nossos corpos juntinhos.

Tanto perigo, minha menina, tanto.

Esse jeito do meu mundo silenciar quando nossos olhos se encontram esse modo de sentir o coração batendo forte na garganta quando meu corpo grita que te ama.

Tão triste, amor. Sentir nossas mãos escorregando, nessa insegurança, com medo de te perder sem antes de tê-la, assim, só pra mim.

Minha menina, a vida é boa, vêm me dar às mãos. Eu estou com saudades, não sei se meu caminho é bom, pois, apesar de ser triste, eu te amo, eu te amo tanto.

Amada, minha amada vem me tirar esse pressentimento, vem rir meu riso, vem me dizer que o adeus está distante e, que nossas estranhas tentativas, não são assim tão errantes. Amor, se tua paz não estiver comigo, acabe pelo menos com nossas ausências e vamos viver bem, mas ainda não me conte de outros amores, você enfraqueceu meus anticorpos para isso.