quarta-feira, 11 de julho de 2012

.ReticênciaS .

Nossos planos se perderam pela corda frouxa
Consumidos pelo vazio de cobranças tão infantis
Infantilidades cujas eu fiz questão de abraçar
E você caiu há caminhos atrás
Quem dera tivéssemos superado os obstáculos
Como prometemos...

Foi um pulo para que os silêncios
Passassem a ser gritos infindáveis por liberdade
Lembranças boas caíram como truques
Para nos enganarmos, mas não durou muito tempo.

Agora é assumir sozinha todos os sonhos
E me sentir satisfeita com tudo que sou
E um dia me sentir tão bem quanto me senti em seus ombros
Me sentir em casa outra vez.

quarta-feira, 18 de abril de 2012

.Sentido contráriO.

Eu tinha um hábito de sonhar sozinha.
Colocar alguém nos planos nunca fez parte de mim, até porque contar
com alguém além de você pode ser muito perigoso.
Um dia eu resolvi me aprofundar, no mais fundo e intimo de um outro alguém,
a ponto de me sentir cuidada só por cuidar, de me sentir protegida só por ter protegido
de me sentir amada, só de...
Aquilo era bom, eu continuava fazendo planos. Só que de uma forma mais bonita.
Foi muito difícil não mada-la pegar as coisas e se mandar comigo.
Porque acordar do meio da noite e ver aquele corpo respirando, não era simplesmente acordar.
Abraçar e ganhar um abraço no emaranhado de um sono pesado, passa a ser mais do que
um simples abraço.
Eu costumava ter sonhos ruins, muito ruins. Neles ela estava sempre indo embora.
Ela estava sempre nos sacrificando em prol de algo maior que nem ela sabia o que era.
Neles ela costumava tirar meu coração fora e jogava ao infinito dos sonhos, nunca
soube exatamente onde ia parar. Eu só lembro que doía. E era tão real, que eu sentia
raiva, mas o medo era tão maior o vacuo era insuportável. Eu não conseguiria viver sem aquele olhar, sem aqueles
ombros, sem aquele corpo confortável que sempre me dava carinho e que me entendia.
Mas no fim desses sonhos, cada vez que eu pensava que não aguentaria mais - eu acordava.
E ao lado lá estava ela e então eu me tocava que a verdade é que ela estava ali e que tudo
o que vivemos, ainda estavamos vivendo. Eu acordava e o amor simplesmente estava ali.
Intocável.
De repente seus planos haviam mudado. Não sei quais são, mas não estou mais neles.
Dói!
Ela não sonhava mais comigo, ela já não era tão louca assim, não por mim. Ela cobiça outro
tipo de loucura agora e eu tenho medo saber quais são.
Eu juro que queria desentortar o caminho, que tenho certeza que ajudei a traçar.
Hoje eu tive um sonho bom. Todo o nosso amor parecia aquele desde o início, nossos
olhares se perdiam uns nos outros, nossas risadas patéticas por algo bobo que havia acontecido
faziam uma harmonia gostosa, então eu encostei minha cabeça em seus ombros e ela me acarinhou as costas.
Não precisavamos de frases como "Eu te amo", nossos corpos simplesmente confessaram.
E no meio desse sonho, que percebi lúcido, pensei: O pesadelo acabou, era só mais um sonho ruim. Ela não foi embora!
Eu acreditei tanto naquilo que precisei acordar só para lhe dar um abraço.
Mas na verdade tudo o que eu tinha era uma camiseta com seu cheiro de roupa lavada que quase já não dava pra sentir
e a minhas coisas de volta em minhas gavetas. E no meio disso não consegui achar aquele orgão
que costumava pulsar do lado esquerdo. Ela o deixou em algum lugar.

quarta-feira, 26 de janeiro de 2011

Você.

Você é o mundo para mim
E quando eu não estou prestando atenção
Estou com medo desse mundo torpe
Esse que pode nos tirar a felicidade e pureza

Não quero que nossos planos para o futuro
Se percam nas mãos de uma memória inconsciente
Eu quero lembrar as coisas que prometemos
Enquanto realizamos sonhos bobos que colocamos no papel

Eu simplesmente te amarei para sempre
Mas nas horas em que estivermos longe, vou te amar devagar.
Para que na presença de nossos corpos eu aprenda a te dar tudo que posso.

Com você eu aprendi não o exagero, mas o significado do gostar,
Pois um minuto da sua existência em minha vida
É como um dia de sonho de amor realizado na nossa infinita intimidade.

terça-feira, 21 de dezembro de 2010

Sei Lá

Até meu jeito torto de fazer as coisas eu perdi
E de perder, acho que ninguém gosta.
Não estou fazendo nada errado, acontece é que eu já não lembro como se faz a coisa certa.
Eu já soube fazer as coisas ficarem um pouco mais bonitas, ou pelo menos tentava.

Acho que essa era a beleza,
Tentativas exageradas de deixar tudo mais belo, menos sujo.
Com minhas saudades e desejos de sempre
Mas minha sementinha está perdida, quase morta. Não pela falta de chuva, pelo excesso.

Estar disposta, com toda capacidade do mundo de tentar. Cadê?
Continuar gostando da mesma forma, mas eu estou completamente cega para as formas.
As estórias bobas, memórias de poços limpos ou imundos.
Eu achava bom contar, tão boas e então parei e é quase como esquecer.

É preciso força para entrar em situações,
Assim como é imprescindível ter total liberdade para sustentar a ilusão.
Mas a liberdade nos cega o suficiente para termos coragem de sair
Fugir do que é bom. O desespero mata. A ilusão ou sobrevive ou destrói tudo o que ela criou.

Eu era de uma espécie que mergulhava nas coisas sem pensar no que poderia acontecer.
Hoje sou a consequência de todos os lugares em que mergulhei.
Uma consequência suja, que não sabe dizer se restou algo de bonito.
Porque tudo o que eu me tornei me desperta uma vontade de querer voltar ao que eu era.

Não que eu fosse um primor de beleza,
Mas eu, de alguma forma, sabia das minhas cores.
Eu não quero acordar sem ter a quem amar, mas eu consegui me desamar.
A ponto de não me perdoar por tudo o que faço a quem me dá colo.

Eu me recusava a ser injusta, julgava quem era.
Acontece que hoje eu sei que meu silêncio destrói afetos e isso é injusto.
Porque eu sei que poderia falar. Mas saber também me consome por inteira,
Pois injusta eu também seria se falasse sobre tudo sem ao menos saber quem eu sou agora.

Eu costumava achar que estando dentro de outra pessoa
Nada de ruim poderia acontecer a mim, nem a ela. Éramos bonitas.
Até que eu comecei a apodrecer dentro daquela coisa tão boa comigo,
E eu sinto que estou contaminando-a inteira. E eu não queria que os corpos chorassem.

Minha falta de ação, de não querer reagir, nos esmaga cada dia mais,
Suas tentativas de ressurreição deveriam ser o bastante para me reanimar.
Mas insuportavelmente eu me recuso, dou de cara com o medo.
Medo de continuar mergulhando. Eu aprendi que só sei me perder.

Eu já não espero que entendam o meu amor. Eu perdi o direito de esperar.
Não recomendo que reconheçam meus esforços,
Eu tenho sido tão mais frágil que minha saúde, eu tenho sido tão frágil com tudo.
Não me acho no direito de prender alguém até que eu me acerte.

Eu quero acreditar que existe algo bonito para nós que tanto sangramos,
Que aflore o sentimento forte que tínhamos e assim ter algo além de fé nas coisas.
Porque ter fé ilude, e o nosso amor merece mais do que ilusão.
Não apenas uma certeza de que nada adiantou cuidar de outro ser.

Sei que tanto uma quanto a outra foram feitas para darem certo.
Mas isso não significa uma com a outra. O que pode ser injusto.
E se tiver que ser, tem que ser hoje e não “um dia será”,
Pois amanhã esbarraremos com outro par e nosso barquinho não mais estará na correnteza.

quinta-feira, 26 de agosto de 2010

Aqueles.

Amargos os que amam um e idolatram outro
Aflitos os que amam e sabem como é ser sozinho
Infelizes aqueles que não sabem amar
Coitados dos que amam e ficam sós.

Não deixam o definido pelo indefinido.
Amam com força o certo, embora idealizem o errado.
Não querem ficar sozinhos e amedrontados,
Por fazer do amado o magoado.

Não sonham um futuro sem o ser que os lábios beijam
Sentem-se carentes se ficarem sozinhos um minuto que seja
Derramam lágrimas e dormem apertando o travesseiro por pura saudade
E prometem não amar mais ninguém daqui ou de outra cidade.

Fazem da vida um inferno quando não existe alguém
Andam pelos mesmos lugares fazendo-se isolados
Não conhecem de trás para frente o corpo de outrem
Erguendo aqueles escudos para não serem machucados.

Andam à beira do abismo para que sintam dó.
Apegam-se à solidão sem perceber o vício,
De que já não reconhecer um dó menor
Pode tornar uma vida de tons, puro desperdício.